no meu doce olhar a lua cheia clareia o imenso e velho mar
enquanto o sol não vem sorrir pra mim
do outro lado, a estrada... vazia
dos meus olhos, a lágrima... passiva
a mulher não consegue mais engolir o pranto
a mulher tremendo abre os braços e deseja se jogar
na vã esperança de conseguir voar
mas não existe céu, apenas chão
a ventania chegou furtiva, e o barco despreparado não resistiu
naufragou em meu coração
a mulher, em seu vestido de seda marfim, tenta lembrar o princípio
se ele não tem coragem de dizer a verdade, quem terá?
com o rosto desfigurado pela dor tenta encontrar um "por quê?"
- por que o permiti em minha vida?
eu olho de fora aquela mulher tão frágil, que sou eu mesma
eu pensei que ele me amasse, mas me enganei
porque o amor jamais é covarde
o vento lhe arrepia os seios que sobressaem no vestido tão colado ao corpo pela ventania
e o vento frio desse inverno esvoaça seus cabelos sem perdão
lá do mirante ela só queria ver aquele caminho de luz no mar... se abrir
como se abre o sonho
mas não dá pra apressar o tempo enquanto ele não vem
a mulher perdeu o sentido, a razão
como pode depois de 10 anos um fruto ainda ser verde?
a "desculpa" foi mal contada e soou-lhe como mentira
ela, já madura, sabe que ele esconde algo
e isso é o que mais a machuca
chega então a uma lamentável conclusão:
como uma miragem no deserto é o amor uma ilusão
o que ela quer agora nessa gelada noite sem estrelas?
esquecer
que um dia ele existiu
que um dia, pra ela, ele sorriu
ele, o "amor"
porque, no fim, seu coração P A R T I U
e perdeu a poesia,
perdeu a rima
e deixou esse poema
fora do tom
por que ele não disse logo:
"perdoa-me por mentir que lhe amava?"
teria sido mais fácil
enfim, eu não vejo mais o futuro
porque o futuro NÃO existe
apenas o HOJE
quem foi ele? - perguntei a mim mesma
ninguém vive de passado
HOJE
ele é apenas um nome rabiscado
no meu caderno
um miserável
amor de inverno
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