BOÊMIO

Contemplo uma natureza morta
Bebericada no meu descuidar
Tristeza no fascínio a que tenho a contemplá-la
Vai além da minha compreensão a razão de se perder...
Não há motivo para matar seu tempo de forma tão vã...
E os meus olhos se embebessem de lágrimas!
Pensei que dentro de ti, no meu mais fundo olhar,
Houvesse uma figura hieroglificamente cifrada,
Fixada como centro de minha atenção em minha vida silenciosa...
Preciso ceder à sedução e penetrá-lo...
Buscando descobri-lo para o espírito!
Cingindo-te e desvestindo-te até fundir-te no seu mais fundo:
Tua semente, limite do inacessível em ti
Coração do movimento oculto da vida...
O refúgio que toda alma busca!
Mas só ouves os ecos da voz que sussurro
Viva o tempo na cama de teu quarto comigo
Receba o meu carinho, minha atenção, o meu amor...
Pois o chope, meu caro, pura ilusão, não é teu amigo!
Far-te-á perder ainda tua maior beleza:
A mulher que até então o contempla.